segunda-feira, 25 de abril de 2011

Minha terra tem palmeiras, Yasmins e Esperança...



          Estava descendo a ladeira perto de casa para trabalhar pleno feriado de Tiradentes, ainda com aquele soninho de quem sabe que foi um dos poucos a acordar para o trampo, quando olhei para o horizonte e lembrei-me de Paulo Coelho em “O Alquimista”, quando ele fala que ao olharmos o horizonte nos deparamos com paisagens que, normalmente não veríamos, já que na maior parte do tempo estamos preocupados em olhar para nós mesmos. O fato é que, ao olhar para o horizonte, eu me deparei com um dos prédios daquela região e, dentro dos muros, subindo alto eu vi uma palmeira, tendo atrás de si o céu sendo tocado pelos primeiros raios do sol que nascia naquele momento. Lembrei-me dos versos de Gonçalves Dias e os recitei baixinho: “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...” Confesso que fiquei assim emocionado sem saber por que, sem entender direito o motivo das lágrimas ensaiarem apresentar-se nos meus olhos e ri, ri de emoção por saber que eu sei sentir alegria, tristeza, melancolia, saudade... Sei sentir o compasso da vida, sei ouvir o som da poesia e admirar pequenos momentos de beleza que podem fazer a diferença no caminho a ser seguido.

          Naquele momento nasceu em mim a vontade de estar aqui digitando este texto, sem saber exatamente o que seria escrito até o fim, mas tendo a certeza de que algo deveria ser registrado. São de momentos assim que, talvez, sejam feitas as maiores descobertas do ser humano... Momentos de contato consigo próprio, com o mundo, com a descoberta de que fazemos parte de tudo e tudo o que existe tem uma relação com a nossa existência.  São tantas as cores da natureza, tantos prismas modificando-se a cada segundo para que um espetáculo sem fim continue apresentando-se diante de nós, tantas demonstrações de amor de um ser superior, ao qual eu chamo Deus... Certa vez estava eu na praia, sentado numa pedra, olhando o nascer do sol. Ele vinha por trás do mar, fazendo a água apresentar tons prateados misturando-se com azul. As ondas estavam brancas como as poucas nuvens que estampavam o céu. Era tudo tão lindo e ofuscava tanto o meu olhar, mas eu não queria perder um segundo daquele momento mágico... Um querido amigo meu, que morava por ali me disse as seguintes palavras: “Lindo, não é? Eu acordo cedo todos os dias para vir assistir ele chegando e ele nunca faz igual... A cada manhã eu vejo um nascer de sol mais lindo que o outro!” Não esqueço estas palavras e confesso que agora mesmo ao me recordar daquela cena, meus olhos lacrimejam.

          Ouvimos tanto falar de desgraças e atrocidades que acabamos por nos tornar consumistas de sangue e dor. Parece até que no mundo não existem mais coisas boas para serem contempladas. A mídia em geral descobriu que notícia boa não gera lucros, então lutam para ver quem será o primeiro a trazer a próxima lastimável notícia ao conhecimento do grande público, que infelizmente recebe uma descarga de tristezas e imoralidades e acaba por se acostumar com tal cenário, esquecendo-se de que coisas lindas ainda existem no nosso mundo e que, existem muito mais pessoas boas do que más. Anteontem eu estava visitando uma amiga, quando a irmã dela chegou com sua pequena Yasmim, de apenas 28 dias, tão pequenininha, linda. A pequenina dormia e a mãe me disse: "Quer segurar ela?" A tomei em meus braços e fiquei ali, babando como todos nós fazemos com os bebês ... Ela sonhava com alguma coisa que a fazia sorrir e eu a observava rindo todo bobo ... De repende ela abriu os olhos, verdes-oliva, e ficou me olhando com a inocência que só as crianças têm. Eu fiquei ali pensando em como existem tantas coisas lindas ainda para o ser humano se apegar ... As palmeiras, o céu, o canto dos pássaros, o nascer do sol, o olhar inocente das crianças...

          Minha terra tem palmeiras, minha terra tem crianças, minha terra tem bondade, minha terra tem esperança...

domingo, 17 de abril de 2011

Mini-conto

Mais um dia


Pés apressados pelas ruas que o sol ainda não tocou. Lutando contra os ponteiros do relógio, subindo escadas, descendo do trem, passando pelo porteiro, vestindo o uniforme: o trabalhador.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Felicidade e o que mais vier

          


          Existe um momento na vida de todos nós, seres humanos, um doce momento, enlouquecedor talvez... Momento onde passamos a conhecer melhor aquilo que vai aqui dentro. É quando olhamos para uma pessoa e descobrimos que não queremos apenas estar perto dela. NÃÃÃÃO!!! Nós queremos mais: queremos tocá-la, sentir o calor do seu abraço, afagar seus cabelos, acariciar seu rosto, beijar seus lábios... E quando estamos longe, queremos saber como essa pessoa está, o que ela está fazendo... "Será que também está pensando em mim?" Ficamos olhando para o telefone à espera de um toque, olhando para o número e nos perguntando se devemos ligar ou não... Vem um friozinho na barriga, um medo de perder sem nem ter tido, uma alegria só em lembrar-se do sorriso mais lindo do mundo, uma vontade de rir à toa quando nos lembramos daquela voz suave... Só de ver a pessoa o coração sente vontade de saltar pela boca, as mãos suam e o rosto automaticamente forma uma expressão de alegria...  E quando descobrimos que o sentimos é correspondido, experimentamos uma felicidade do tamanho do universo... Parece que nada nem ninguém nunca vão conseguir nos tirar do céu estrelado onde estamos vivendo.

            Nesta fase os defeitos são inexistentes. Só conseguimos ver como a pessoa é maravilhosa, mil vezes ma-ra-vi-lho-sa! É o momento dos bombons com títulos apaixonados, dos buquês de rosas vermelhas, dos coraçõezinhos nos cadernos, das mensagens de texto desejando bons dias, boas tardes, boas noites, durma com os anjos, etc...

            Neste momento o universo também parece conspirar para que fiquemos cada vez mais apaixonados. Alguns detalhes curiosos podem ser observados, como por exemplo, aquela música que nem tocava tanto nas rádios e que a gente começa a ouvir em todos os lugares onde estamos. "Ai, a nossa música!" E o filme preferido dele ou dela passa segunda-feira na Tela Quente. A pessoa que está bem à sua frente na escada rolante do shopping está usando o mesmo perfume do ser amado... Assim  descobrimos que estamos ficando cada vez mais inebriados por este sentimento; que a presença daquela pessoinha já não é mais apenas desejada: é essencial! As pessoas nos olham e enxergam uma alegria intensa transbordando... Ain ain ...

               Paixão, amor ???

            Por que insistimos em tentar rotular a felicidade? Qualquer que seja o nome dado a essa coisa maravilhosa que é ter alguém com quem nos preocupemos e sabemos que se preocupa conosco, o importante é estar aberto para sentirmos e sermos transformados por este sentimento que só nos enobrece. O que vai acontecer depois disto é outra história. Você já viu alguém dizendo que não vai querer comer lasanha no almoço porque sabe que no jantar só vai ter arroz? Creio que não! Então, vamos aproveitar todos os momentos de felicidade e lutar para que esta seja infinda em nossas vidas. Caso um dia ela deixe de existir, existe uma coisa que ninguém nunca poderá nos tirar: o doce sabor da lembrança, pois SÓ QUEM JÁ VIVEU PODE RECORDAR!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Primeiras vezes e últimas chances

                    
          Esta frase pode até ser um clichê utilizado por muita gente ao longo dos anos. Uma frase gasta, alguém pode dizer... Mas é a pura verdade: A primeira vez a gente nunca esquece!

          Estava aqui pensando no que eu iria escrever como minha primeira postagem e eis que me veio esta frase à mente. Acabei recordando de muitas primeiras vezes da minha vida: o primeiro beijo (com aquele chiclete de tutti-frutti na boca), o primeiro e único tapa na cara, a primeira ida ao cinema, a primeira vez que amei de verdade e sofri por amor, a primeira vez que chorei por  ver alguém que eu amava partir para nunca mais voltar...

          É... Eu realmente poderia continuar e teria, com certeza, muitas primeiras vezes para recordar. Mas eu gostaria de lembrar aqui o meu querido Renato Russo, que em uma de suas letras, mais precisamente em "Teatro dos Vampiros" nos lembrou que a "primeira vez é sempre a última chance"... Outro dia estava sentado com alguns amigos jogando conversa fora e esta frase veio à tona. Nós então começamos a discutir o que ele quis dizer com isto... Última chance por quê?
 
          A verdade é que sempre estamos em momentos de "última chance"! Última chance de ser o melhor do que podemos ser quando decidimos fazer algo que sabemos não condizer com as virtudes que nos foram passadas ao longo da vida... Última chance de de amar quando saímos de casa e não temos a certeza se vamos voltar a ver aquela pessoa que deixamos ali atras da porta... Última chance de buscar a felicidade dando o nosso melhor, pois cada momento é único... Última chance de passar por cima do orgulho e resolver situações que ferem o coração...

          Talvez a questão da primeira vez ser a última chance esteja ligada ao fato de fazermos ou não... Como assim? Por exemplo: Você já disse hoje para seus pais, seus filhos, seu amor ... EU TE AMO! (???) Esta pode ser a primeira vez hoje, a primeira vez no mês, no ano ... em toda a sua vida ... E esta pode ser a última chance...

A verdade é que sabemos quando será a primeira vez, mas nunca sabemos quando será a última chance!